Posso estacionar?
Como um serviço bem prestado pode contribuir para a satisfação do usuário e, consequentemente, para a segurança e lucratividade do empreendimento

Por Léa Lobo


Na última década, a frota brasileira cresceu nada menos que 119% – o equivalente a 35 milhões de novos veículos circulando pelas ruas e rodovias do País. Só em 2010, a produção de carros bateu recorde pelo segundo ano consecutivo, com 3,64 milhões de unidades. Para este ano, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) aposta em um aumento de 4,2% nas vendas de veículos leves.

Mas como está o nosso parque de estacionamentos? Ele conseguirá atender com excelência de serviços a futura demanda? Ou simplesmente: ele está preparado para a realidade que temos hoje?

O cenário mostra que estacionar de forma segura, econômica e confortável é tão importante quanto ter mobilidade urbana. Interfere na qualidade de vida, no trabalho, no lazer e no desenvolvimento dos negócios. Por isso a importância de alertar empreendedores, investidores, provedores e gestores que a falta da devida atenção para com esta atividade pode estar causando muito prejuízo a alguém e que uma correta gestão integrada precisa, no mínimo, estar alicerçada pelos itens abaixo:

• Legislação e decretos vigentes;
• Ter um bom e experiente operador de estacionamento/garagens;
• Ter um sistema integrado de controle e gestão de estacionamento;
• Ter equipamentos tecnologicamente atualizados;
• Pessoal de operação treinado e capacitado.

Ou seja, o real conhecimento e a integração destes parâmetros podem beneficiar e tranquilizar os empreendedores deste negócio e ainda garantir que a lucratividade não esteja escoando para fora do caixa.

Onde procurar a informação certa?

Para quem ainda tem dúvidas sobre qual o melhor caminho para resolver a questão do estacionamento, há 36 anos existe o Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark), que exerce as atribuições de congregar as empresas administradoras de estacionamentos. Ela representa a atividade perante órgãos públicos, e procura contribuir efetivamente para o fortalecimento do setor, promovendo o desenvolvimento e qualificação dos serviços prestados. A entidade possui uma Comissão de Ética, cujo principal objetivo é acompanhar, analisar e julgar condutas de empresas que não sejam condizentes com os princípios estabelecidos pela atividade.

Além de São Paulo, há sindicatos estabelecidos nos estados do Rio de Janeiro (Sindepark-RJ), Paraná (Sindepark-PR) e Rio Grande do Sul (Sindepark-RS). Já para uma representação em nível nacional, temos a Associação Brasileira de Estacionamentos (Abrapark), criada em 2005, com o intuito de representar nacionalmente o setor de estacionamentos e promover o diálogo entre as empresas, visando à colaboração direta e contribuindo para o desenvolvimento do mercado e do país.

O presidente do Sindepark-SP, Marcelo Alvim Gait, alerta que por não se ter uma padronização dos modelos de contratação, alguns administradores de condomínios, por exemplo, acabam por colocar sob a responsabilidade das operadoras contratadas, alguns itens que são inerentes à gestão do condomínio, objetivando reduzir cada vez mais as obrigações que são da administração patrimonial. Ou seja, trata-se de uma inversão do que é contratar uma especialização – o negócio do estacionamento –, que é um dos serviços do Gerenciamento de Facilidades, que efetivamente traz lucratividade diária aos caixas dos empreendedores.

Gait ainda esclarece que as concorrências colocadas no mercado, por não estarem “alicerçadas com os mesmos parâmetros de comparação”, prejudicam o mercado como um todo e, sobretudo, a operacionalização do contrato ao longo de sua vigência. Segundo ele, há gestores que comparam uma proposta onde há equipamentos de controle de acesso que custam 10X com outros que custam 2X. Tem também aqueles que comparam as empresas sem levar em consideração a sua estrutura operacional.

“À primeira vista, todos os serviços podem parecer semelhantes. Mas, não é bem assim. A exemplo de diversos outros setores que apresentam concorrência acirrada, há empresas que oferecem serviços altamente qualificados, adotam uma política eficiente de atendimento ao cliente, responsabilizam-se pela integridade do veículo, observam todas exigências legais, cumprem seus compromissos tributários e fiscais, respeitam e valorizam seus colaboradores e observam as normas de conduta ética e de responsabilidade social. Em contrapartida, há aquelas que simplesmente disponibilizam espaço para o estacionamento de veículos. Mas, como avaliar tudo isso na hora de estacionar? Para o consumidor, certamente não é uma tarefa fácil”, explica Gait.

Para atender à demanda do cliente usuário, a entidade criou o Selo de Qualidade Sindepark. Por meio desta certificação, estacionamentos associados ao sindicato são submetidos a uma rigorosa avaliação. Aqueles que comprovam excelência nos serviços prestados obtêm o direito de utilizar o Selo pelo período de um ano. O programa tem caráter evolutivo, ou seja, para manter a certificação ano a ano os estacionamentos devem comprovar que adotam uma política constante de melhorias.

Para tanto, o Sindepark disponibiliza um ambiente de orientação para as empresas associadas. Inclusive, o processo de certificação está em reformulação para incluir outras melhorias.

No mais, sabemos que o Brasil está num excelente momento. Com o crescimento, chegam também os vácuos de infraestrutura. Basta observar o trânsito nos principais centros econômicos do país. Não são só as dificuldades dos que trafegam pelas vias urbanas, mas também sobre onde estacionar, pois alguns equipamentos prediais e mesmo alguns estacionamentos de rua já não conseguem atender à demanda (veja no quadro em destaque alguns números deste mercado em São Paulo) – demanda esta que também está sendo trabalhada pelas entidades que representam o setor.


"…a pessoa menos indicada para ir
atrás dos ladrões era o manobrista,
muito menos com o carro de um cliente…"


Experiência própria

Como usuária frequente de estacionamentos, quero compartilhar uma experiência que tive ao estacionar em um determinado local – aparentemente formal. Era um dia de semana à tarde e fui a uma reunião no centro da capital paulista. Entrei com meu carro no determinado prédio, onde havia uma placa denominada “estacionamento”. Uma hora e pouco depois, ao término de minha reunião, e retorno ao estacionamento, uma surpresa! O estacionamento havia sido roubado e levaram oito carros.

Embora o meu não estivesse entre os veículos roubados, ele também não estava estacionado no local. Onde estava então? Um dos manobristas utilizou-o para ir atrás dos ladrões. Para encurtar a história, o estacionamento ”aparentemente” tinha uma operadora, mas não tinha nenhum tipo de seguro, e o pessoal de operação, por falta de treinamento, não tinha nenhuma noção sobre o que fazer em uma eventualidade como essa. Ou melhor, a pessoa menos indicada para ir atrás dos ladrões era o manobrista, muito menos com o carro de um cliente, como se fosse uma viatura policial. Entendo que o “manobrista” quis ser proativo, ser um herói e resolver a situação.

Entretanto, esta experiência real ilustra muito bem a falta de preparo de alguns operadores que se dizem profissionais e a falta de visão do proprietário do estacionamento que certamente contratou errado, sem conhecimento de riscos e, por isso, certamente teve que arcar com um significativo prejuízo. Enfim, a contínua capacitação dos “manobristas” é também uma questão de gestão profissional, e colocar a gestão desse espaço nas mãos de uma operadora ‘não qualificada’ pode trazer riscos e perdas aos usuários, funcionários e proprietários.

Dicas e cuidados

Estacionamento é um negócio. Em um prédio comercial, por exemplo, é sempre bom lembrar que “os clientes entram pela garagem e não pela recepção. Daí um cuidado com a logística de acesso, aparência/arquitetura deste espaço”, já disse há muito tempo um veterano empreendedor de estacionamentos, Hélio Cerqueira Junior.

Normalmente, a operação do estacionamento só é lembrada quando o equipamento predial está para ser inaugurado. Momento quando ocorrem danos à propriedade, pois precisam ser quebrados/adequados à necessidade predial e urbana para a instalação do projeto do estacionamento.

Na concepção do equipamento predial, a definição de como será o espaço do estacionamento já deve ser prevista e compartilhada por três pilares: o arquiteto viário, o operador do serviço e o fornecedor da tecnologia para a automação.

Como o estacionamento é normalmente deixado por último, as compras são feitas em momentos em que nem sempre há recursos para se investir e aí já começam os maiores erros, pois a compra começa a ser feita por preço e não por qualidade, sem visão de longo prazo.

Temos que observar também o crescimento das frotas de veículos e como adequar esta demanda da mobilidade aos espaços que as edificações têm disponíveis. Os bons operadores do mercado possuem estudos e estratégias que podem minimizar as necessidades dos usuários e maximizar o uso do espaço da garagem, provendo dessa forma mais recursos aos caixas dos empreendedores.

Os espaços para idosos e portadores de necessidades especiais também precisam ser contemplados. Nossa dica é não deixar de consultar a legislação para atendimento a esta e outras normas que regulam e legislam o setor.

Mas e se algum automóvel foi danificado dentro do seu espaço? O que fazer? As boas operadoras garantem a seguridade do bem dentro das garagens que administram. Antes de contratar um operador de garagem/estacionamento, faça uma visita a estes fornecedores e garanta um contrato de prestação de serviços que terá valor ao longo de sua existência. Vá a campo e visite as unidades administradas por estes operadores. Verifique se o mesmo tem perfil para ser seu parceiro nesta gestão. Procure entender como funcionam estes serviços e que benefícios podem ser compartilhados entre o empreendedor e o operador contratado. É importante saber também se a empresa é associada ao sindicato do segmento.

Lembre-se que a gestão deste negócio deve ser clara em todos os sentidos e que ambos (contratante e fornecedor) têm conhecimentos acumulados, mas também limitações – que devem ser negociadas e tratadas em conjunto. Lembre-se: a culpa de um serviço não funcionar corretamente é de responsabilidade de ambos. É necessário sinergia de gestão e transparência para solucionar contingências e brindar soluções conjuntas.

Automação e controle

O mercado de estacionamentos no Brasil já contempla algumas empresas com grande qualidade em soluções completas e integradas de controle e gestão. Soluções que evitam, por exemplo, que caixas sejam desconectados da rede por um profissional não idôneo, prejudicando o efetivo controle financeiro.

Uma gestão integrada permite que empreendedores minimizem desvios de recursos. Hoje, existe automação tanto para os sistemas gerenciais – alguns desenvolvidos pelos próprios operadores – como também para os equipamentos, que além de não violáveis, podem ser gerenciados à distância e que emitem relatórios por unidade de estacionamento, região e cidade. Enfim: relatórios com vários dados para análise de acordo com a necessidade de cada empreendedor e em tempo real.

Você, empreendedor, pode saber neste exato momento qual é a receita do seu negócio de estacionamento em qualquer parte do mundo, apenas com uma simples consulta on-line. Além disso, esses controles reduzem o número de pessoas envolvidas na operação contábil/gerencial, pois emitem relatórios customizados pelo contratante.

Para saber mais sobre essas soluções, procure os fornecedores do setor, conheça e compare o que eles têm disponível e, mais do que isso, os veja como aliados para que sua empresa se torne mais competitiva. Enfim, não compre simplesmente um equipamento ou um serviço. Mas, sim, tenha uma visão de longo prazo, adquirindo uma solução confiável que traga benefícios tangíveis e intangíveis ao seu negócio.

Números do setor em São Paulo
Estimativa no Estado de São Paulo
Estacionamentos11.000
Vagas1.000.000
Empregos diretos40.000
Média de veículos atendidos/mês90 milhões
Estacionamentos associados ao Sindepark1.500
Frota de Veículos17.583.419
 
Estimativa na cidade de São Paulo
Estacionamentos10.000
Vagas900.000
Empregos diretos36.000
Média de veículos atendidos/mês70 milhões
Estacionamentos associados ao Sindepark1.500
Frota de Veículos6.932.739
Fonte: www.sindepark.com.br
FONTE: Revista Infra 2011
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